segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Biblioteca em casa deixa crianças mais inteligentes

Estudo mostra que a quantidade de livros que os pais oferecem aos filhos desde que são pequenos, pode influenciar diretamente o desenvolvimento da capacidade cognitiva.


Um grupo de sociólogos das universidades de Nevada, em Las Vegas e da Califórnia, em Los Angeles, realizou o maior estudo internacional sobre a influência dos livros na educação escolar. Os resultados mostram que, independentemente do nível educacional dos pais, do status socioeconômico e do regime político, quanto mais livros houver em uma casa, mais anos de escolaridade atingirá a criança que crescer nela. Participam do estudo mais de 70 mil pessoas de 27 países, entre os quais Estados |unidos, China, Rússia, França, Portugal, Chile, África do Sul (o Brasil não foi incluído). A conclusão foi publicada na revista Research in Social Stratification and Mobility.

No artigo, os autores explicam que o nível cultural e educacional dos pais também influencia a escolaridade atingida pela prole, mas nesse caso a correlação é mis fraca do que com o tamanho físico do acervo familiar de livros. Os resultados mostram também como o gosto pela leitura tende a diminuir diferenças sociais. Nos lares mais modestos, o efeito de cada acréscimo ao acervo no futuro acadêmico da criança é mais acentuado do que a adição de um volume em uma biblioteca mais ampla. Apesar de a tendência ter sido observada em todos os países, houve diferenças importantes entre eles. Nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, uma biblioteca com cerca de 500 volumes representou acréscimo de dois a três anos na escolaridade das crianças, comparando com uma casa sem livros. Na Espanha e na Noruega, o número saltou para até cinco anos e na China atingiu o máximo, entre seis e sete anos.

Segundo os pesquisadores, o regime comunista poderia explicar o resultado chinês, pois em um país onde há mais restrições à liberdade individual, os livros seriam bens culturais ainda mais valorizados pela família. O mesmo raciocínio poderia se aplicar aos números semelhantes verificados em países do Leste Europeu (que formavam o bloco comunista) e a África do Sul, que viveu décadas sob o apartheid. Os casos analisados foram de pessoas que cresceram em meio a esses regimes. “A leitura é uma ótima fonte para os oprimidos, seja qual for sua cor, seus opressores e as circunstâncias históricas”, escreveram.

O estudo é uma prova irrefutável de que “uma casa onde os livros são valorizados fornece à criança ferramentas que são diretamente úteis no aprendizado escolar, como vocabulário, imaginação, amplo horizonte em história e geografia, a compreensão da importância da evidência no argumento, e muitas outrass”. E confirma os famosos versos de Castro Alves, do século 19: “Oh! Bendito o que semeia Livros ... livros a mão-cheia.../E manda o povo pensar/O livro caindo n’alma/~E ger,e – que faz a palma/E chuva – que faz o mar”.

Revista Mente & Cérebro n° 210, de julho/2010, pág.18

Nenhum comentário:

Postar um comentário