sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Caminhos Promissores_2/6

Segunda postagem da série com 6 postagens sobre o Alzheimer, publicadas Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 1, de maio/2010, por Michael S. Wolfe.

Até pouco tempo atrás, poucas pessoas eram otimistas a respeito das chances de derrotar a doença de Alzheimer. Os cientistas sabiam muito pouco sobre a biologia da doença, e acreditava-se que suas origens e sua progressão eram irremediavelmente complexas.

Recentemente, contudo, pesquisadores avançaram na compreensão dos eventos moleculares que parecem desencadear a enfermidade e passaram a explorar diversas estratégias para desacelerar ou conter esses processos destrutivos. Talvez um desses tratamentos, ou uma combinação deles, possa impedir a degeneração de neurônios o suficiente para interromper a trilha da doença. Várias terapias potenciais vêm sendo submetidas a testes clínicos e já renderam resultados preliminares promissores.

As duas principais características da doença, observadas pela primeira vez pelo neurologista alemão Alois Alzheimer (1864-1915) há mais de 100 anos, são placas e emaranhados de proteína no córtex cerebral e no sistema límbico - responsáveis pelas funções cerebrais superiores. As placas são acúmulos encontrados no exterior dos neurônios e são constituidas por uma pequena proteína denominada beta-amiloide, ou A-beta. Os emaranhados ficam dentro dos neurônios e de suas ramificações (axônios e dendritos), sendo formados por filamentos da proteína tau. A constatação dessas anomalias iniciou um debate que se estendeu pelo século XX: as placas e emaranhados seriam responsáveis pela degeneração dos neurônios ou apenas sinalizariam os lugares onde a morte neuronal já ocorreu?

Na década de 90, as evidências penderam a favor da hipótese da "cascata amiloide", a qual sugere que as duas proteínas estão envolvidas na causa da doença de Alzheimer, com a A-beta iniciando a agressão. Esta é um peptídeo curto, ou fragmento proteico, isolado e descrito pela primeira vez em 1984 por George G.Glenner e Cai'ne W. Wong, então na Universidade da Califórnia, em San Diego. Ela é derivada de uma proteína maior denominada precursora de beta-amiloide, ou APP. As moléculas APP implantam-se na membrana celular com uma parte da proteína dentro da célula e outra fora. Duas enzimas que quebram ligações peptídicas entre os aminoácidos das proteínas - a beta-secretase e a gama-secretase - retiram a A-beta da APP, processo que ocorre em praticamente todas as células humanas. A razão pela qual as células produzem A-beta não é clara, mas o processo pode ser parte de uma rota de sinalização.

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