sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Caminhos Promissores_5/6

Quinta postagem da série com 6 postagens sobre o Alzheimer, publicadas Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 1, de maio/2010, por Michael S. Wolfe.




Aposta na imunoterapia

Outra estratégia para combater a doença é livrar o cérebro dos aglomerados tóxicos de A-beta depois que o peptídeo é produzido. Uma abordagem é a imunização ativa, que pressupõe recrutar o próprio sistema imunológico do paciente para atacar a proteína. Em 1999, Dale B.schenk e seus colegas da Elan Corporation fizeram uma descoberta pioneira: a injeção de A-beta em camundongos geneticamente projetados para desenvolver placas amiloides estimulou uma resposta imune que impediu a formação de placas no cérebro dos animais jovens e limpou as já existentes nos mais velhos. Os roedores produziram anticorpos que reconheceram a A-beta e aparentemente estimularam as células imunes do cérebro - micróglias - a atacar conglomerdos do peptídeo. Em camundogos houve melhoras no aprendizado e na memória, o que levou ao início de testes em humanos.

Infelizmente, embora a injeção de A-beta tenha passado pelos teste de segurança iniciais, diversos pacientes desenvolveram encefalite - inflamação no cérebro -, o que acarretou a seuspensaõ prematura do estudo em 2002. A pesquisa de acompanhamento indicou que o tratamento pode ter causado a inflamação ao estimular as células T do sistema imunológico a executar ataques excessivamente agressivos aos depósitos de A-beta. No entanto, a pesquisa confirmou que muitos pacientes produziram anticorpos contra a A-beta, e aqueles que o fizem mostraram sinais sutis de melhora de memória e concentração.

As preocupações de segurança com a imunização ativa levaram alguns pesquisadores a tentar a imunização passiva, cujo objetivo é eliminar o peptídeo por meio da injeção de anticorpos nos pacientes. Produzidos em célualas de cobaias e programados geneticamente para impedir a rejeição em humanos, esses anticorpos dificilmente provocariam encefalite, já que não disparariam uma resposta nociva das céluas T no cérebro. Um tratamennto por imunização passiva desenvolvido pela Elan Corporation já avançou para os testes clínicos e humanos.

Como a imunização ativa ou passiva remove a A-beta do cérebro é, de certa forma, um mistério, uma vez que os anticorpos são macromoléculas e dificilmente utrapassam a barreira hematoencefálica. Algumas evidências sugerem que a entrada no cérebro pode nem ser necessária.

A proteína amiloide, contudo, é apenas metade da equação da doença de Alzheimer; a outra metade, os filamentos de tau que causam emaranhados neurais, é considerada um alvo promissor na prevenção da degeneração dos neurônios cerebrais. Pesquisadores estão concentrados em projetar inibidores que possam bloquear as quinases que fixam uma quantidade execesiva de fosfatos na tau - passo essencial para a formação de filamentos. Tais esforços ainda não resultaram em drogas candidatas a testes clínicos, mas a esperança é que, uma ves sintetizados, esses agentes possam atuar à semelhança daqueles cujo alvo é a A-beta.

Pesquisadores examinam também se as estatinas - drogas para baixar o colesterol, amplamente usadas para reduzir o risco de doenças cardíacas - poderiam atuar contra a doença de Alzheimer. Estudos epidemiológicos sugerem que pessoas que tomam estatinas têm menos risco de desenvolver a doença. Ao baixar o nível do colesterol, é possível que essas drogas reduzam a produção de APP, ou afetem diretamente a criação de A-beta por meio da inibição da atividade das secretases responsáveis. Nos últimos anos, vários testes clínicos vêm tentando estabelecer o efeito protetor das estatinas contra a doença de Alzheimer.

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