segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Escritório, doce escritório_1/5

Mais importante do que ter um local de trabalho bem decorado é fundamental ter um lugar com a “cara” da pessoa que o ocupa -
Autonomia para organizar e personalizar seu próprio espaço
torna profissionais mais felizes, saudáveis e produtivos


edição 214 - Novembro 2010
por S. Alexander Haslam e Craig Knight



© ola dusegård/ istockphoto
No passado, a fábrica, com seus equipamentos sujos e barulhentos, era um ícone dos países industrializados; atualmente, esse lugar é ocupado pelos escritórios. Milhões de pessoas – pelo menos 15% da população dos países desenvolvidos – trabalham em uma mesa, com ou sem a divisória que as separe dos outros colegas, em frente a um computador. Embora muitos acreditem que uma estação de trabalho não é mais que o mero espaço físico, nos últimos anos psicólogos sociais e ocupacionais começaram a acumular evidências de que as características desses ambientes onde as pessoas passam tantas horas por dia afetam o desempenho de maneira surpreendente. O tamanho das escrivaninhas, a proximidade da luz natural, a qualidade do ar que respiramos e a privacidade (ou a falta dela) influem no conforto, na satisfação com a rotina e no resultado do trabalho.

Em nossas experiências, descobrimos, por exemplo, que quando os empregadores bem-intencionados penduravam reproduções de obras de arte nas paredes e colocavam vasos de plantas para decorar o ambiente, seus esforços se mostravam vãos. Curiosamente, esses recursos podem ser tão desmotivadores quanto os ambientes estéreis, que geram o mesmo nível de insatisfação. Os profissionais costumam apresentar melhor desempenho quando são estimulados a decorar seu ambiente com objetos que escolheram, como plantas, enfeites, fotografias ou outras peças e imagens significativas – é importante que a pessoa se identifique com seu espaço e se aproprie dele. O projeto de um escritório, portanto, não deve ser determinado apenas por questões práticas, como ter cadeiras que não causem dor nas costas (o que é fundamental, claro). Mas os empregadores raramente consideram desdobramentos psicológicos do ambiente no desempenho, grau de satisfação, comprometimento e iniciativa dos empregados, deixando de lado um dado significativo: o local de trabalho pode contribuir para tornar as pessoas mais felizes – e aumentar o lucro dos empresários.

S. Alexander Haslam e Craig Knight
Haslam é professor de psicologia social da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Knight é pesquisador, pós-doutorando em psicologia e diretor do Center for Pychological Research into Identity and Space Management, em Exeter.

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