sexta-feira, 8 de abril de 2011

A verdade sobre meninos e meninas_3/7

Série com 3 matérias, que serão publicadas em Abril e Maio de 2011, divididas em partes.

Aqui a 1ª matéria, dividida em 7 partes: A verdade sobre meninos e meninas, que será publicada nos dias 04, 06, 08, 11, 13, 15 e 18 de Abril.

por Lise Eliot

Professora adjunta de neurociências da Chicago Medical School da Universidade Rosalind Franklin e autora de Pink brain, blue brain – How small differences grow into troublesome gaps – And what we can do about it (Houghton Miffilin Harcourt, 2009)

Revista Mente e Cérebro

Ano XVII nº209 – Julho 2010

www.mentecerebro.com.br

A preferência por jogar futebol ou brincar de casinha está longe de ser imutável. Elas são mesmo mais empáticas e eles agressivos ou apenas confirmamos o que esperamos ver? A ciência tem mostrado que, no nível neurológico, as diferenças sexuais são menores do que as pessoas costuma imaginar – mas podem se tornar mais marcadas quando as expectativas dos adultos as reforçam


Carrinhos e Barbies

Sim, meninos gostam de caminhões, meninas de bonecas. Salvo raras exceções, se puderem escolher entre os bonecos Power Rangers, os carrinhos Hot Wheels, as bonecas Bratz ou um conjunto de beleza da Barbie, meninos e meninas em idade pré-escolar demonstram interesse pelos brinquedos mais obviamente masculinos ou femininos. Na verdade, a escolha de brinquedos voltados para um gênero ou outro é uma das mais marcantes diferenças entre os sexos, superadas apenas pela própria preferência sexual. Tais inclinações não são tão claras no início da infância e muitos estudos, mostram que os garotos mais jovens gostam de bonecas tanto quanto as meninas. (Todo bebê é fortemente atraído por rostos, por razões óbvias de sobrevivência). A predileção por determinado tipo de brinquedos só se manifesta quando as crianças estão maiores, intensificando-se durante os anos da pré-escola, para então, sofrer certo declínio.

As escolhas na infância são, em parte, moldadas apela ação da testosterona antes do nascimento: meninas que sofrem de um transtorno genético que as expõe a níveis elevados deste e de outros androgênios durante a gestação demonstram inclinação bem maior por caminhões e carros do que a média das garotas. Até mesmo macacos machos e fêmeas preferem brinquedos que se encaixam nos estereótipos de gênero, portanto, deve haver algo nos carros e bolas que desperta as tendências hormonais dos meninos, afastando-os de sua preferência inicial por faces e arranjando-os para objetos com os quais podem interagir de maneira mais física.

Partindo dessa tendência inata, as preferências infantis por determinado tipo de brinquedo são radicalizadas e moldadas por fatores sociais. Os pais estimulam as brincadeiras tidas como apropriadas ao gênero da criança, especialmente no caso dos meninos e, a partir dos três anos, os colegas começam a reforçar as normas de gênero de modo ainda mais intenso que os adultos. Em um exemplo dessa influência, as psicólogas Karin Frey, da Universidade de Washington, e Dane Ruble, da Universidade de Nova York, relataram que tanto meninos quanto meninas dos primeiros aos do ensino fundamental optavam por um brinquedo aparentemente menos desejável (um caleidoscópio), em vez de um incrível projetor de filmes da Fisher_Price depois de assistir a um comercial onde uma criança do mesmo sexo escolhia o primeiro e uma do sexo oposto preferia o segundo. Contudo, por volta dos cinco anos, as meninas começam a optar pó brinquedos “de menino” e “de menina” sem distinção. Entre os garotos, porém, essa mudança é rara – uma diferença que reflete normais sociais. Hoje, meninas que praticam esportes, usam calças e fazem construções de lego não são mais reprimidas, pelo contrário. Já os garotos não são estimulados a usar vestidos nem a brincar de casinha.

Preconceitos à pare, a diversificação de atividades é importante para a formação de muitos circuitos mentais e habilidades futuras. Equipamentos esportivos, veículos e jogos de construção estimulam as habilidades físicas e espaciais, enquanto bonecas, livros de colorir e fantasias favorecem o desenvolvimento de circuitos neurais ligados às capacidades verbais, sociais e da coordenação motora fina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário