sexta-feira, 27 de abril de 2012

Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem_3/12

Encaminhamento à avaliação de crianças com problemas de aprendizagem.

1. Quando encaminhar?

Algumas vezes é possível, à própria escola, avaliar e dar o atendimento necessário a uma criança que vem apresentando problemas de aprendizagem. Quando este é o caso estamos diante de uma situação privilegiada que evita uma sobrecarga ao aluno e oferece possibilidades de que os resultados obtidos se mantenham, porque o problema foi trabalhado na situação em que eles ocorrem.

Entretanto, na maioria das vezes, isto não acontece, porque nem sempre a escola dispõe dos recursos necessários para a avaliação e o tratamento do problema da criança, tornando-se necessário o encaminhamento às clínicas especializadas.

2. Para quem encaminhar?

A decisão a ser tomada dependerá das características do caso e das informações que a escola dispõe. Assim:

a) Se a avaliação feita pela escola for capaz de descartar a hipótese de existência de distúrbios de aprendizagem, pois o problema parece se caracterizar como exclusivamente orgânico (deficiência auditiva ou visual, por exemplo) ou de ordem emocional, o encaminhamento deve ser feito para um profissional ou instituição competente para resolver cada um destes tipos de problema.

b) Se, por outro lado, a avaliação da escola não for conclusiva ou se existir forte suspeita de distúrbios de aprendizagem, o encaminhamento ideal seria para uma psicopedagoga. Se, por algum motivo, o atendimento da criança por este tipo de clínica for impossível, uma segunda possibilidade seria encaminhar a criança para o profissional da área que parece mais comprometida.

Em qualquer um dos encaminhamentos acima referidos, as informações fornecidas pela escola são de valor inestimável para a compreensão do problema da criança. Neste contexto destaca-se o papel do professor, que graças ao conhecimento técnico que possui aliado ao conhecimento da criança que está sendo encaminhada, é insubstituível na obtenção de informações essenciais. Todos os demais profissionais da escola - professor de educação física, de artes, de computação etc. - que tenham contato com essa criança, devem ser estimulados a falar sobre ela.

As informações dadas pela escola permitem, não somente um conhecimento mais aprofundado da criança, mas, também, a inserção de seu problema num contexto que envolve o método empregado pela escola, a classe em que a criança está, as atividades e expectativas da escola para os alunos.

A consulta aos pais também é fundamental porque eles podem fornecer dois tipos de informações:

a) Histórico da vida da criança: condições da gestação e do nascimento, episódios relevantes de sua vida, doenças que teve etc.

b) Informações sobre a vida atual, mudanças de comportamento percebidas, amizades que tem e como são essas relações etc.

A ênfase, muitas vezes, colocada no desempenho da criança pode dar a impressão de que seu progresso ou o seu fracasso depende exclusivamente dela. Entretanto, isso não é verdade. O problema pode estar na relação entre suas características e o método empregado pela escola, nas características da professora, nos seus colegas de classe, e muitos outros. Portanto, uma criança que apresente problemas de aprendizagem não exime o professor da busca de condições adequadas ao seu repertório. Pelo contrário, as crianças que apresentam problemas de aprendizagem geralmente são capazes de aprender se as condições forem favoráveis.

Finalmente, vale lembrar que, embora o componente emocional possa não ter provocado o problema que a criança apresenta, ele contribui para o agravamento dos distúrbios. Portanto, o tipo de relacionamento estabelecido entre professores e alunos e entre os alunos da classe poderá criar boas condições para o aprendizado da mesma forma que, também, pode dificultá-lo muitíssimo.

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