segunda-feira, 25 de junho de 2012

Onde foram parar os Neuróticos?_1/3


Os cientistas que definem distúrbios mentais fatiaram a neurose em pedaços mais finos

Benedict Carey (The New York Times)
Tradução de: Celso Parciornik

Alguns arquétipos culturais saem do palco com um floreio, outros pisando firme. Os colonialistas de capacete, os poetas chapados por absinto e os gurus hippies fundadores de utopias nos anos 1970 fizeram algum barulho, nem sempre algum sentido, antes de serem engolidos pela história. Mas um tipo moderno está seguindo para o passado sem estardalhaço, sem até sua familiar lamúria – o neurótico.

Para uma geração de americanos do pós-guerra, ser neurótico significava mais que ser ansioso, e era diferente de exibir a histeria ou outros problemas de transtorno de humor para os quais Freud usou o termo. Significava ser interessante numa época em que a psicanálise reinava em meios intelectuais e Woody Allen reinava nos cinemas.

O fato de ele pouco significar hoje em dia é uma evidência da força com que a linguagem impulsiona a percepção da batalha mental, tanto suas fontes como suas curas. Nos últimos anos, os psiquiatras desenvolveram um vocabulário especializado para descrever a ansiedade, o componente central da neurose, e o público ganhou uma maior percepção de suas muitas dimensões.

No processo, contudo, perdeu-se o romantismo da neurose, além de sua concretização – a presença incessante, queixosa, carente que um dia funcionou na mente coletiva como uma voz interior que protegia contra o excesso de otimismo. Na era atual, o neurótico seria uma companhia nervosa para dias nervosos, pronto a oferecer doses de melancolia urbana hilariante.
“Eu ainda uso o termo de vez em quando, mas ele não diz muito”, diz Barbara Milrod, professora de psiquiatria no Weill Cornell Medical College. “Temos maneiras mais específicas de descrever comportamento de inadaptação”.

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